18.7.10

Policarpo.






Dói-me escrever essas palavras hoje. Eu estou com o coração tão apertadíssimo e tão com vontade de chorar que eu não sei mais o que se passa com ele. Esses últimos dias meu coração anda tão desapegado e ele quase está pedindo pra parar de bater... Ele também quer desistir de viver.
Eu não estou mais sabendo a diferença entre perdoar e ser boba. Não sei mais a diferença entre saudade e vontade de ver alguém. Anda tudo muito confuso, mas quero acreditar que isso seja apenas um caso excepcional, que isso nunca mais vai acontecer. Eu quero acreditar nisso, talvez eu precise que seja isso: um final de semana infeliz e inoportuno.
Sempre soube que nenhum amor acaba de uma hora para outra, acontece todo um "processo" antes de se ter consciência de que realmente acabou, e eu tenho muito medo de não perceber quando estiver passando por esse processo. Tenho medo de o amor escapar pelas minhas mãos como a tentativa de pegar uma correnteza da água...
Sei também que pessoas não mudam de uma hora para a outra, mas nós mudamos de uma hora para outra, entende? O problema é que não percebemos que nós mesmos mudamos e a pessoa a quem entregamos o nosso coração, a quem contamos os nossos mais profundos segredos de alma, acaba mudando também, gradativamente.
E eu, não quero perceber mudança nenhuma na gente. Era tão puro e verdadeiro... É ainda, eu espero.
Será que é tão de repente que acontece de uma mulher tão familiar que está na frente do seu marido do outro lado da mesa do restaurante se transformar numa desconhecida? Eu não sei parar de pensar nessas coisas, nesses encontros e desencontros, quem esta brincando com a gente? Quem está mudando as pessoas assim?
Eu comecei a rezar ontem, e não minto, estou mais "forte", mas menos confortável. Tô tão assustada com o que está acontecendo na minha vida que eu não tenho ideia de como tudo isso esta acontecendo.
Mas a vida, infelizmente, é assim: quando o amor acaba, o monstro que estava escondido debaixo do tapete da sala acorda e domina rapidamente o apartamento. Frases que nunca deveriam ter sido sequer pensadas são pronunciadas com a determinação dos carrascos.
E depois disso? O que acontece? Agora os dois se olham e sabem que não têm mais o que fazer? Será que não tem mais nada a se fazer para recuperar um amor? 
Dentro deles há uma dor contínua, uma tristeza que sai pelos olhos. Os dois corações estão vazios, porque no lugar daquele amor todo agora não existe nada. E a vida segue assim, imperfeita.
Quantas vidas imperfeitas eu já tenho e você tem mesmo que me trazer mais uma?
Única coisa que eu sei, é que se foi questão de empenho, caralho, como eu me empenhei, como eu estou me empenhando!
Você me cobra uma vida mais "leve", menos cheia de expectativa, mas eu não sei viver assim, eu preciso estar intensamente apaixonada para poder ter uma emoção que me faça flutuar e ser feliz.
Você me tira de um abismo e me levou para um maior ainda, se a culpa foi tua, se foi intencional ou não, eu não sei, eu espero acreditar que não foi, mas eu quero muito que saiba que eu te amo e sempre vou te amar, e te esquecer não vai ser uma coisa possível, felizmente ou infelizmente.
A gente sofre por causa de amor porque o associamos a essa idéia prejudicial de que só há um verdadeiro amor possível e que ele vai ser para sempre.
E se eu não achar minha metade perdida? E se ela estiver vivendo no outro lado do mundo, por exemplo? Estaremos condenados ambos a vagar infeliz no mundo? A lógica platônica do amor serve muito bem para explicar o fim dos relacionamentos: se acabou, é porque não era amor. 
Lógica platônica? Amor está para lógica? Há várias coisas nesse mundo que eu acho, particularmente, que nunca irei entender. Nunca. Nunca irei entender, e nunca irei sentir.


Um comentário:

.ana disse...

lendo teu texto, consegui sentir tds essas emoções de novo. eu tb sei o que é isso. processo bem doloroso... mas,não adianta, qd a gente se arrisca a amar, tb se arrisca a perder. há sempre o outro lado...
=/

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