3.2.13

Dor



Você pode conversar com alguém, pode se abrir e dizer tudo que está sentindo, chorar e falar que não está mais aguentando viver, mas o problema é que te darão um abraço e dirão que vai ficar tudo bem, ou falarão que te entendem e vão te dar um lenço, ou não falarão nada, só escutarão porque sabem que não podem fazer nada e que o que você precisa mesmo é falar.

Pessoas e nossa dor. Nossa dor e as pessoas. O quão forte é essa relação? Será que ela existe. Posso te contar a merda da minha vida, e no fundo querer que você sinta pena de mim, porque eu sei, também lá no fundo, que você nada poderá fazer pra me ajudar, você não pode me dar uma casa ou um corpo novo. Lá no fundo a gente fala por quê? A gente tem a necessidade de falar por quê?

Hoje eu queria pode conversar com alguém que não fosse otimista, que não me dissesse que tudo ficará bem. Hoje eu queria alguém que nem me conhecesse. Hoje queria ser aquela estranha solitária no bar, que a sua dor dá pra ver de longe, uma dor misteriosa e que fizesse alguém se aproximar e querer saber o porquê daqueles olhos borrados.

Pensando bem, hoje eu não queria ter família, não queria ter namorado e nem amigos. A dor só é menos dolorosa quando não se tem ninguém em quem pensar, não ter ninguém com quem você possa se sentir em dívida. A sua dor fica insignificante – e consequentente você se sente culpada em senti-la – quando tem que pensar nos seus pais e o quanto eles sofreram para te trazer aqui, quando se tem irmãos pra pensar que eles ainda dependem de você, para ser um ídolo, um herói, quando se tem amigos pra pensar que eles querem você bem.

Quero saber quando eu serei madura suficiente para aguentar tudo isso sem me lamentar, porque dói muito lamentar. Dói ser frágil, estar frágil. Dói demais você não ter fé em você e nem saber como fazer para voltar a acreditar em você mesmo. Dói ver gente que te ama, mas que não sabe mais como fazer você feliz.

Só queria me libertar um pouco de mim, e de toda essa carcaça que me deixa pra baixo. Queria me importar menos com os problemas, queria ser mais feliz e sorrir mais. Queria me amar, ver meu rosto e me achar linda. Queria ver um sorriso do meu pai, ver uma felicidade da minha mãe, queria muito ser feliz e fazer felizes as pessoas que me amam. Queria uma chance nova, e eu tive, me mudei, mas parece que nada mudou e isso me assusta, quando terei a chance de ser feliz? Eu to perdendo a vida por causa desses sentimentos tolos, eu to perdendo pessoas, do perdendo lugares, momentos, eu to me perdendo pra alguém que eu não sei como veio parar aqui e eu não sei como destruí-lo.

Queria saber o motivo de tantas atribulações, queria saber até onde vai essa escuridão. Não vejo a hora de ser feliz, poxa! Não vejo a hora de poder secar minhas lágrimas, poder levantar sem logo cair em seguida. Preciso me manter viva por mais tempo.

A desistência me passa na cabeça todos os dias, e sinceramente, não sei como cheguei até aqui.

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