26.10.10

Helena



 Helena então ficou assim: jogada em um hotel, ou em um bar, ou em uma sarjeta: qual clichê você preferir.
Espera um príncipe, ou um vagabundo, ou um guerreiro, ou um pai: qual ilusão você preferir.
Não era mais a protagonista da novela das oito, nem a amada por todos. Era só lixo esquecido de por no lixo. Sentia-se assim por não mais importar com nada. Não tinha passeios, não tinha sentimentos, não tinha cuidado, não tinha coração, não tinha as lágrimas de felicidade, não tinha a felicidade. Abandonaram-na.

Nunca ninguém prestou atenção nos teus defeitos crônicos. Nunca ninguém prestou atenção e ouviu os teus gritos de socorro, os teus gritos de “me amem”. Nunca ninguém parou para pensar que ela talvez fosse alguma praga vinda do inferno, ou um anjo vindo do céu. Para todos e até para ela mesma, ela era um mortal que chorava.
Mortais sofrem, ela sabia disso, e ainda sim preferiu ser mortal. Ainda sim preferiu sentir alguma coisa parecida com amor, ainda sim preferiu chorar diversas vezes por estar apaixonada e não ser correspondida. Ela preferiu arriscar a encontrar alguma coisa que ti fizesse imortal.

Se ela encontrou, eu não sei. Talvez tenha perdido esse encontro. Talvez tenha, até hoje, guardado em uma de suas caixas secretas, mas ela nem sabe que aquilo que guarda dentro de si, dentro da caixa mais preciosa, é que o grande amor, o grande sentimento que ela queria ter sentido todos esses tempos.
Talvez!

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