21.3.11

A diferença do semelhante

Há uma intrigante ironia no fato de uma nação mestiça discutir se o racismo existe ou não. Somos células de um mesmo tecido e ainda insistimos em nos classificar, em nos diferenciar, em nos preconceituar.
Os exemplos são vivos: a) criam-se leis para punição de indivíduos racistas, subentendendo-se, então, que o racismo existe; b) a ausência nos materiais didáticos sobre a cultura negra, indígena e suas independências; c) a dominação europeia ao contar a história da formação mundial.
O espanto é grande ao ler Jarbas Passarinho, uma pessoas branca, rica e envolvida com o governo dizendo que o preconceito vem do próprio negro. Ele quer dizer, então, que uma parte da sociedade gosta de ser taxada de "pretos", no sentido mais pejorativo possível. gosta de ser barrada em clubes, hoteis, escolas e até hospitais. E se Jarbas fosse negro? Ainda acharia que o problema é de mobilidade social e que no Brasil não há, a grosso modo, uma doutrina racista?
Como diz Zezé Motta, "acreditar que não existe racismo no Brasil é perda de tempo", pois, então, o governo brasileiro não se atrasou e, em uma atitude remediável, criou programas sociais, como as cotas e ProUni para que, enquanto a educação se fortaleça, arme-se contra esse racismo embutido culturalmente, haja uma medida para amenizar essa vergonha mundial que é a discriminação de um semelhante diferenciado-o pela cor.

3 comentários:

Thai Nascimento disse...

E não apenas pela cor.

Mariana Rocos disse...

Interessante vc falar sobre isso no blog... Eu estava pensando nisso outro dia. Eu estou estudando indios na faculdade agora. E o professor explica tão bem, e a cultura indígena é tão bonita, tão rica, tão cheia de significados e encantos que eu acabo saindo da aula querendo ter vivido naquela época e sido uma indígena. Acho que é isso o que falta: estudarmos o que nos é "diferente" pra q os preconceitos sejam quebrados. É muito fácil preconceituar o que não se conhece. O que aconteceria se, por exemplo, nós conhecêssemos a cultura africana desde o ensino fundamental? Veríamos que o preconceito racial nada mais é do que uma puta de uma hipocrisia, porque a cultura negra faz parte da cultura brasileira como muitos podem não acreditar, não perceber.
Muito bom o seu texto. Parabéns. É preciso brasileiros conscientes como vc.
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Mtas saudades de vc, Maryy!! *.*
BjoOm.

Sempre Que Penso... disse...

Preto é cor. Negro é raça.
Não é tão difícil assim.
Parabéns pelo texto!