Pra chegar até mim

A constatação do meu dia foi difícil! Admitir que não tenho ninguém para amar é tão triste e melancólico que me faz lembrar dos meus dias tenebrosos, de Clarisse na voz do Renato. Foi difícil pra mim hoje acordar, ou melhor, nem acordei direito ainda, e ver que só tenho eu e meus medos, minhas frustrações, meus desejos não satisfeitos, minha vidinha medíocre de classe C. Foi difícil.

Pensei que ia demorar pra cair minha ficha, mas estou vendo que já sou mulher, mãe. Já tenho que ligar para amigas distantes, e saber que estão praticamente noivas. Já tenho que odiar minha menstruação, e estou na fase de implorar pela menopausa. Já tenho que escolher entre trabalhar e ganhar dinheiro, ou ganhar dinheiro e trabalhar. Já tenho que sentir saudade dos meus pais e meus irmãos. Já tenho que chorar ao ver bebês e grávidas?
Já não é a mesma coisa de 6 meses atrás... passou rápido, não é? E isso só me dói mais. Sempre falavam que tudo aquilo era fase, mas se fosse fase, já não teria acabado? Estou confusa, conselheiros!
Fases são tão concretas, do tipo, começa aqui e termina ali, então vocês me enganaram, não é fase. O que é então eu não sei muito bem, nem vocês, nem minha psicóloga, nem meu psiquiatra, nem meu ex namorado, nem meus amigos virtuais, nem minha madrinha. Ninguém sabe, muito menos eu. Mas e se eu te falar que não quero mais saber?

Não tenho mais porque me comportar de maneira adolescente e achar que tudo vai ter um padrão, uma resposta, uma maneira só. Já chega, e a vida está me pedindo isso. Crescer nunca foi tão imposto como está sendo para mim. Ter amor ao meu lado agora, só me atrapalharia, não é? Prefiro pensar assim pra solidão não se incomodar tanto. Prefiro acreditar que "o que é meu está guardado" e rezar, rezar, rezar e não comer, e não amar. NECESSARIAMENTE nessa mesma ordem.

Sorte, eu preciso de sorte, de novo.