[...]
Eu poderia dizer que você é frio, que não está nem ai para o que eu estou sentido. Poderia até palpitar e dizer que você não tem idéia de onde foi plantar sua semente, não sabe que esse terreno tem constantes tempestades de vento, chuvas fortes, mas que por incrível que parece atravessava período de seca, e foi só ver uma pontinha de chuva que esse solo se desabrochou, não pela chuva em si, mas pela possibilidade dela.
E é isso que você é pra mim, uma possibilidade. Mas está
certo tratar os outros como possibilidades? Está certo eu escrever isso e não
te ligar e dizer cara a cara? Eu preciso mesmo te dizer tudo o que sinto? E
será que você precisa mesmo esconder tudo que sente?
A sensação é essa: estou abrindo o guarda chuva antes que
chova. Estou colocando os óculos de sol antes que o sol amanheça. E não é por precaução
não, é por pressa. Pressa de não ser molhada ou de não ser cegada pelos raios
de sol. Isso é pressa, amor. Pressa de ser feliz, de ter essa sensação na barriga
de quero mais – que, aliás, é engraçado, essas coisas se passam no cérebro, a
gente diz estar no coração, mas as sente na barriga.
[...] Foi
ali, foi ali que eu te amei, que emergiu em mim as borbulhas do amor e suas contingências.
Foi ali que eu fique boba, caidinha de paixão, tonta e toda Picasso metendo os
pés pelas mãos. Então posso dizer que a culpa é sua, posso jogar na tua cara e
dizer que quem fez a merda foi você e que arque com as conseqüências. Poderia.
[...]
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