30.12.10

I-

Nem sei por onde começar esse discurso sobre episódios aleatórios de minha vida. Não sei rotular se é tragédia, romance, drama ou terror. Também não existem figurantes, todos são centros em minha vida, e parece que sou eu que filmo tudo.
Consequentemente nunca apareci no filme da minha vida.
Ser narrador, diretor e escritor te dá um ar de superioridade. Você sabe o que cada um sente o que cada um pensa o que cada um vai falar. E isso é uma vantagem, não é?
Vantagem ou desvantagem, isso não aconteceu comigo. Como se não bastasse, a minha vida poderia ter sido comparada à peça da Broadway “amaldiçoada”. Ou comparada às maratonas das séries na TV, sabe? Você sempre se prepara para aquilo, espera dias para assistir, para ter uma overdose do seu seriado favorito, compra pipoca, refrigerante e chocolate, e quando está preste para começar, sua mãe grita: - Filho, aquele seu tio avô que você nunca conheceu morreu. Vamos ao velório agora.
Minha vida é assim: expectativas em cima de fatos simples, e decepções grandes em cima de mim.